Vasco Cabral Almeida, que desde os 14 anos de idade se dedica à Arbitragem, está de parabéns, assim como a Associação de Futebol da Horta (AFH), onde se encontra filiado desde a temporada de 2017/2018. Tudo porque alcançou o primeiro lugar na classificação intermédia nacional de árbitros da Categoria C4, atribuída pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e que envolveu 66 árbitros de 22 Associações de Futebol do País. Agora, os primeiros 20 classificados vão ser avaliados e desta vintena cinco irão ascender à Categoria C3. De realçar que Vasco Almeida é o único Árbitro dos Açores neste grupo de 20, havendo colegas da Madeira, Beja, Viana, Braga, Évora, Lisboa, Porto e Algarve.  

A ascensão à Categoria de C3 permite arbitrar jogos na nova 3ª Liga da FPF, o escalão maior dentro da Arbitragem Não Profissional. A partir daqui (C2 – 2ª Liga e C1 – 1ª Liga) significa entrar na esfera do Futebol Profissional.

Uma vez que na Madeira e no Continente português as competições estiveram paradas (em termos nacionais no Futebol só se mantiveram em funcionamento as Ligas Profissionais e o Campeonato de Portugal) – ao contrário do que se verificou nos Açores e de forma mais particular na AFH, única Associação do País que assegurou sempre actividade – e tendo em conta que desde o fim de Abril último não foi renovado o Estado de Emergência, só agora é que vai começar, a nível nacional, a Época de 2020/2021 para Vasco Almeida, a qual decorrerá ao longo de dois meses: Maio e Junho. Tal decisão leva este Árbitro a considerar-se “um privilegiado” já que depois de ter desenvolvido a sua actividade na presente temporada na área de abrangência da AFH (ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo) pode agora dar continuidade à mesma, mas no plano nacional.


Vasco Cabral Almeida em plena acção no jogo Angrense x Santiago na temporada de 2020/2021

Em declarações ao Departamento de Comunicação e Marketing da AFH, Vasco Almeida refere que “este primeiro lugar acaba por ser o fruto do trabalho que vem a ser desenvolvido desde 2017/2018”, altura em que passou a arbitrar pela Associação de Futebol da Horta. É importante recordar e até salientar que esta mudança fez com que tenha descido duas Divisões, passando do Nacional para o Regional. Por isso, estas últimas épocas foram passadas a lutar para recuperar os dois lugares que tinha perdido no seguimento da opção feita. Ainda assim, considera que “valeu muito a pena”.

Instado a revelar ambições futuras, afirma que pretende progredir na carreira de Árbitro gerindo época a época, mas para já prefere focar-se apenas no objectivo imediato que passa por conseguir “um lugar elegível” no sentido de poder vir a arbitrar jogos da 3ª Liga na próxima época. E sente que tal está ao seu alcance. “É algo possível para mim e para os outros colegas”, assinala.

Habituado que está a ser posto à prova, encara com “normalidade” a fase de Observação de Jogos que aí vem, em que será analisado de perto por observadores da Federação.

 

“(…) ser Árbitro, (…) é uma actividade muito competente e responsável”


Vasco Almeida: “A Arbitragem é muito exigente e absorvente, tanto em termos pessoais como profissionais”

Vasco Cabral Almeida nasceu no seio de uma família com um grande histórico no que toca à Arbitragem. Basta dizer que eram dez os elementos ligados a esta área, onde se inclui o irmão, tios e primos. Portanto, foi com naturalidade que este jovem micaelense, actualmente com 31 anos, seguiu as pisadas familiares, que o influenciaram decisivamente.

O Futebol foi uma realidade na sua vida apenas nos escalões de Formação, ou seja, dos 7 aos 14 anos, altura em que decidiu que queria ser Árbitro. Se fizermos as contas, são 17 anos de carreira e de labor intenso. “Ser Árbitro é diferente de ser jogador. Aliás, como jogador o que fiz foi apenas uma brincadeira, ao contrário de ser Árbitro, que para mim é uma actividade muito competente e responsável”.

Este juiz confessa que o desempenho nos primeiros anos ficou marcado por “algumas dificuldades”, até mesmo pela idade, mas “com a ajuda dos familiares acabou por ser fácil”. “Dos 14 aos 18 anos consegui ganhar respeito e como foi a fase em que passei de jovem a adulto deu-me uma grande maturidade. A Arbitragem é muito exigente e absorvente, tanto em termos pessoais como profissionais”.

Questionado sobre as diferenças entre a Arbitragem que fazia em São Miguel e aquela que acontece na zona de jurisdição da AFH, este técnico refere que “são realidades competitivas diferentes”. E acrescenta: “Mas tenho de salvaguardar que a organização da AFH é muito responsável e enriquece sobremaneira o Distrital, dignificando muito a competição. Esta excelente organização da Associação de Futebol da Horta é algo que me motiva muito a colaborar. Estou muito satisfeito com a equipa que consegui formar. E tenho de sublinhar que fui muito bem recebido no Faial, pelo que só tenho a agradecer a forma como fui acolhido no meio futebolístico e da arbitragem”.

                                  

“Desde há quatro anos que o Vasco faz um esforço brutal para continuar a ser Árbitro”


Marco Silva referindo-se a Vasco Almeida: “Evidencio o conhecimento que ele tem, o seu dinamismo e trabalho sério”

 

Fotografias cedidas por: Vasco Cabral Almeida

 

Marco Silva, Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH, salienta o facto de

esta ser a primeira vez que os Açores têm um árbitro nesta Categoria em primeiro lugar, o que representa “um orgulho enorme para a Associação de Futebol da Horta”. E prossegue: “Evidencio o conhecimento que ele tem, o seu dinamismo e trabalho sério. O Vasco é muito interessado e impulsionador, além de ser uma pessoa bem formada, que tem uma forma educada de apresentar os seus pontos de vista”.

Para este Dirigente, o facto de Vasco Cabral Almeida ter sido o primeiro da Classe C4 no País “significa o reconhecimento pelo trabalho levado a cabo”, tendo sido avaliado em três parâmetros: provas físicas, provas escritas e por Observadores da FPF.

Sendo Árbitro credenciado da FPF, este juiz é também formador e um exemplo da dedicação que alguém pode ter à Arbitragem, se tivermos em conta que é ele que suporta os custos inerentes às deslocações mensais que faz ao Faial para arbitrar jogos. “Desde há quatro anos que o Vasco faz um esforço brutal para continuar a ser Árbitro”, nota Marco Silva, frisando que essa dedicação também o premiou como “o melhor Árbitro C4 (FPF) na presente temporada”.

 

Classificações do Conselho de Arbitragem da FPF

 

O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Secção Não Profissional, divulgou este domingo, dia 02, as classificações dos 66 árbitros daquela categoria nacional, depois das avaliações de desempenho nos jogos, resultados nos testes e nas provas físicas, aliadas às bonificações e às penalizações. Vasco Almeida somou 7.789 pontos. Ficaram ainda nos lugares do pódio Filipe Mestre (da Associação de Futebol de Beja), com 7.778, e Tiago Neves (da Associação de Futebol da Madeira), com 7.760 pontos.

Até ao final da época, Vasco Almeida vai ser alvo de até ao máximo de cinco observações e fica, tal como os árbitros classificados até ao 20.º lugar, em condições de ser promovido à Categoria C3, onde milita João Paulo Branco, da Associação de Futebol de Ponta Delgada (AFPD), também a realizar actuações muito positivas nesta época atribulada.
Bruno Emanuel Costa foi o segundo árbitro açoriano melhor posicionado. O jovem juiz da AFPD acabou em 29.º lugar, com 7.615 pontos. Por escassas 45 milésimas não ficou nos 20 primeiros.

O árbitro da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH), Diogo Andrade, classificou-se em 45.º lugar, com 7.551 pontos. César Andrade, da AFPD, foi 66.º e último com 7.298 pontos.

Devido à suspensão prolongada das competições organizadas pelas Associações, referente a medidas excepcionais relacionadas com a pandemia, e à não retoma de competições, ou a sua retoma em formatos reduzidos por parte de algumas das Associações, foram alteradas as normas de classificação para os Árbitros de Futebol 11 das Categorias C3, C4, CF1 e CF2 para a presente temporada desportiva. Deste modo, a classificação agora divulgada é a definitiva da época para os árbitros do 21.º lugar para baixo.

 


Cristina Silveira