Foi aos acordes da Filarmónica “Lira de São Mateus” do Pico – a mais jovem banda dos Açores – que começou o serão cultural destinado a dar a conhecer, na ilha do Pico, o livro “Biografia de António Garcia”, da autoria de António Carlos Soares Maciel. Logo após a execução da Marcha Desportiva Colonel Bogey, do autor Kenneth Alford, a mesma banda entoou o Hino da Associação de Futebol da Horta (AFH), entidade Coordenadora e Editora desta publicação, que suportou na íntegra os custos da mesma.



A Filarmónica “Lira de São Mateus” – da terra do autor – abriu e fechou o programa musical desta noite cultural

 

A satisfação e realização do autor ficou bem patente nesta festa de lançamento do seu primeiro livro, decorrida na noite de quinta-feira última, dia 24, no Auditório Municipal da Madalena. O factor “casa” contribuiu para ter presentes aqueles que mais lhe dizem ao coração, embora no Faial a apresentação desta publicação tenha, igualmente, reunido muita gente querida, na Sessão que teve lugar no dia 18, no Teatro Faialense.



Da esquerda para a direita, na Mesa de Honra figuravam António Garcia, filho do biografado; Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da AFH; José António Soares, Presidente da Câmara Municipal da Madalena, que presidiu e encerrou a Sessão; António Carlos Maciel, autor do livro “Biografia de António Garcia”; e Manuel Goulart Serpa, apresentador da publicação

 

Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta começou por saudar o Presidente da Câmara da Madalena do Pico, José António Soares; o autor, António Carlos Soares Maciel; o apresentador, Manuel Goulart Serpa; o Presidente da Assembleia Municipal da Madalena, Álvaro Manito; o Vice-Presidente da Assembleia-Geral da AFH, José Manuel Caldeira; o colega de Direcção no Pico, José Silva; demais vereadores e membros da Assembleia Municipal; Presidentes dos Clubes filiados da AFH ali presentes; António Garcia, filho do biografado, que veio expressamente dos EUA para este evento, que contou com duas Sessões: a primeira no Faial e a segunda no Pico, terra natal do autor e do biografado; Sara Fraga e Daniel Fraga, netos de António Garcia Júnior; e Carolina Fraga, esposa de Daniel Fraga.



Tal como no Faial, os netos de António Garcia Júnior – Sara e Daniel Fraga – estiveram presentes na Sessão realizada no Pico

 

Os Municípios “são os maiores parceiros que a AFH tem”

 

Logo de seguida, Eduardo Pereira manifestou a sua “enorme satisfação” por estar no Pico, uma ilha que lhe diz “muito” desde tenra idade. “Desde pequenino que eu vinha sempre passar uma temporada na Criação Velha, tendo como ponto alto as vindimas. Foi aqui que comecei a trepar maroiços, a cair e a ganhar os primeiros arranhões nos joelhos”, memorou o Presidente da Direcção da AFH, dirigindo um agradecimento a José António Soares pelo apoio dado na cedência do Auditório Municipal da Madalena, espaço que também serviu de palco à primeira Gala AFHorta, realizada em Novembro de 2019. E, a propósito, frisou: “Jamais vou esquecer-me desse marco histórico na vida da Associação de Futebol da Horta, por ocasião da celebração do seu 89º Aniversário, na qual estiveram presentes os mais altos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), entre eles o Presidente da Direcção, Fernando Gomes; e representantes de todas as Associações de Futebol do País, que saíram maravilhados da ilha do Pico. Renovo o meu agradecimento à edilidade da Madalena assim como todo o apoio que tem dado à AFH, esperando que se mantenha no futuro”. 



Eduardo Pereira: “Sei que o António Carlos naquilo em que se envolve é muito determinado e perante o convite formulado aprofundou o seu trabalho, que está muito bom, (…)”

 

Este Responsável sublinhou que “os Municípios são uns excelentes parceiros”. E reforçou: “São os maiores parceiros que a AFH tem, e a Câmara da Madalena é mesmo um dos maiores no nosso trabalho quotidiano, com destaque para a cedência de instalações”.

O “enorme gosto” do Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta por tomar parte nesta Sessão é sublimado pelo facto de este livro integrar as Comemorações do 90º Aniversário da AFH, as quais arrancaram em Outubro de 2020 e terminam em Outubro próximo.  Nesse âmbito, também já foram levadas a cabo outras iniciativas, de que é exemplo o lançamento do I Volume do livro “CARAS” AFH – apresentado, de forma inédita, em Maio último, nas quatro ilhas de abrangência desta instituição: Faial, Pico, Flores e Corvo, projecto em que é dado relevo ao trabalho realizado por membros directivos e colaboradores directos e indirectos; estando previsto para o fim do próximo mês a apresentação pública do projecto “Figuras AFH”, (I Volume), onde é retratado o percurso desportivo de grandes glórias do nosso meio, que se evidenciaram ao longo de diferentes épocas. Estes dois últimos projectos terão continuidade em volumes seguintes com o intuito de contemplar “CARAS” e “Figuras” destas quatro ilhas, o que, compreensivelmente, seria impossível congregar num só volume.

Eduardo Pereira afirmou que a partir deste trabalho “facilmente” se constatou aquilo que já era do domínio público e que uma vez mais ficou bem patente e que é o facto de “contrariamente ao Faial, o Pico ainda não ter devidamente reflectida em livro a história dos seus Clubes”. Isso é algo que nos dói”, pontificou, revelando a intenção que existe dessa publicação ver a luz do dia em 2022, resgatando a história centenária do Futebol no Pico. “Mas para arrepiar caminho e conhecendo o trabalho do amigo Carlos Maciel – grande colaborador da AFH não só pela função que exerce enquanto Coordenador do Serviço de Desporto há mais de 30 anos, mas, também, pela pessoa que é, muito dedicada e cooperante – convidei-o a adaptar o mesmo a livro”. Recorde-se que este trabalho começou por ser a base de uma homenagem feita a António Garcia Júnior em 2017, data em que se assinalaram os 100 anos do seu nascimento. “Sei que o António Carlos naquilo em que se envolve é muito determinado e perante o convite formulado aprofundou o seu trabalho, que está muito bom, constituindo uma excelente forma de homenagearmos António Garcia Júnior”, assinalou Eduardo Pereira, notando: “Acho que o seu filho e netos aqui presentes devem estar muito orgulhosos, pois o biografado não foi só futebolista, mas, também, um homem exemplar a todos os níveis”.

 

Manuel Serpa: “O Futebol representa um turbilhão de emoções, (…) que marca profundamente as sociedades e os países no seu todo”

 

“Em equipa que ganha não se mexe”. Esta máxima desportiva não poderia aplicar-se melhor a Manuel Goulart Serpa, que depois da sua belíssima lição de oratória deixada no Teatro Faialense, voltou a dar cartas no Pico como apresentador deste livro. E começou por expressar a sua “enorme satisfação por estar entre as gentes do Futebol, que é uma paixão e apaixona quem se interessa por este fenómeno”. Aliás, o Futebol esteve tão patente nesta Sessão, que foi estrela nas saudações se tivermos em conta que tanto o Presidente da Câmara da Madalena, como o Presidente da AFH e ainda o autor todos praticaram Futebol de forma federada. Realce para António Garcia Júnior – cujo filho, António Garcia se encontrava na Mesa de Honra – “o grande, mas mesmo grande “Musgueira”, o “Garcia de Guimarães”, um desportista completo”. O apresentador cumprimentou, igualmente, todos os convidados, com uma saudação mais directa ao Presidente da Assembleia Municipal, Álvaro Manito; ao Vereador Mário Silva, e à Directora do Departamento de Comunicação e Marketing da Horta, “símbolo da eficácia e da notabilidade da AFH, excelente escritora”.



À semelhança do que aconteceu no Faial, no Pico a Sessão teve como apresentadora a Directora do Departamento de Comunicação e Marketing da AFH, Cristina Silveira

 

Para este profundo conhecedor da história do Desporto no Pico, mas, também, da natureza humana, que trilhou diversificados e profícuos caminhos na sua vida, “povo que não tem história, não é povo”. E referindo-se ao “desporto-rei”, ressaltou: “O Futebol representa um turbilhão de emoções, um fenómeno gravitacional que marca profundamente as sociedades e os países no seu todo”.

 

“É importante jogar, partilhar, conviver, tirar as crianças e os jovens da obsessão dos telemóveis quejandos”

 

Na sua serpenteada e profunda intervenção, o apresentador recordou que “sob o ponto de vista infra-estrutural, o Pico já teve treze recintos, alguns com poucas condições, é verdade, onde se praticou futebol de onze. E surgiram equipas de todos os lados, creio que dezasseis. Hoje o Pico possui quatro relvados sintéticos e cinco pavilhões onde é possível a prática do Futsal. É um luxo!”

Sempre em jeito de retrospectiva, este picoense narrou que “o Campo de São José Operário, hoje Estádio Municipal, foi construído com partilha preciosa da Paróquia, na dádiva de terreno. A inauguração teve Missa Solene com o Altar colocado na baliza sul, um cortejo processional com os numerosos atletas do Clube e a presença da majestática figura, sob todos os pontos de vista, que era Monsenhor Pereira da Silva, então Vigário Geral da Diocese. O mesmo sucedeu em relação ao Campo de São Mateus, hoje Estádio do Bom Jesus. E é muito curioso. Os respectivos Párocos, em relação ao jogo jogado, percebiam zero, mas intuíram os enormes benefícios advindos da prática de futebol na formação dos jovens”.



“Sentimos orgulho pelo progresso ascensional dos nossos filhos. Mas ficamos mais pobres. O último escalão da formação é a Universidade”, destacou Manuel Goulart Serpa

 

Detendo-se num passado ainda quente, o apresentador da “Biografia de António Garcia” - “Um Picaroto de origem, Vimaranense de coração e vitoriano como poucos”, trouxe à colação um cenário que guarda na retina e no peito: “Vejo o Gilberto ao lado do João Quaresma e penso logo noutros sítios e noutras missões. Tinha uma relação de amizade com o Gilberto e o Quaresma. Veio-me logo à baila um quadro singular, único, imorredoiro: Mestre Simão ao leme, de olhar felino, numa atracagem de alto risco. O hercúleo Gilberto, o “Aricana”, todo molhado para as manobras de grande perícia com o cabo da popa e na ponta do cais aquela silhueta ímpar contando as vagas para a “jaziga”, o João Quaresma. Na terra ou no céu este quadro devia estar numa galeria com a assinatura de um génio”.

Reportando-se ao presente, este homem da Cultura Desportiva (e das outras) afirmou que “o problema da desertificação toca tudo e todos”. E prosseguiu: “São tempos difíceis. A escola para todos permite caminhadas de sucesso ao encontro de futuros. Sentimos orgulho pelo progresso ascensional dos nossos filhos. Mas ficamos mais pobres. O último escalão da formação é a Universidade. Mas a formação continua a ser fundamental. Bem-haja Associação de Futebol da Horta!

A formação na sua vertente principal, a formação das crianças e jovens e a educação das suas faculdades intelectuais, morais e a descoberta das suas virtualidades intrínsecas está assegurada. A segunda vertente é menos eficaz. Não podemos carrear muitos atletas para as equipas seniores. Mas a principal tem de gerar motivações. É importante jogar, partilhar, conviver, tirar as crianças e os jovens da obsessão dos telemóveis quejandos”.

Dirigindo-se ao líder da entidade reguladora de todas as actividades federadas de Futebol e Futsal nestas quatro parcelas açóricas, o apresentador avivou: “Senhor Presidente da Direção da Associação de Futebol da Horta, é um consolo presenciar um jogo de crianças. A dignidade, árbitros equipados a rigor, instruídos pedagogicamente para ensinar, emendar, levantar ou afagar nas quedas, a presença de mulheres no banco, mães e pais conscientes que primam pelo acompanhamento, que lembram o treino e zelam os equipamentos. Para mim é edificante. Parabéns, Parabéns.

Obrigado à Associação de Futebol da Horta. Noventa anos, um rol de sacrifícios, de doação integral, de privações, virtudes por vezes toldadas por incompreensões quando sobe à margem a parte negativa do ser humano.

Acima de tudo a alegria transbordante de servir. É que não serve para viver quem não vive para servir e a nossa maior felicidade será sempre ver os outros felizes”.

Como homem da pena e da História, cuja génese assenta em raízes escavas, Manuel Goulart Serpa comunga da visão já expressa de que “há que inventariar a história do futebol no Pico, uma Ilha bem vocacionada para a prática do Desporto”.

 

António Carlos Maciel falou para as suas gentes

 

As primeiras palavras de António Carlos Maciel tiveram como o foco o Presidente da Direcção da AFH, Eduardo Pereira, de quem partiu o convite para esta compilação; e a Associação de Futebol da Horta, que vive o ano das Comemorações do seu 90º Aniversário, assinalado a 21 de Outubro de 2020. Graças a esta iniciativa, quatro anos depois a mesma figura – António Garcia Júnior – volta a ser homenageada, desta feita com um livro que lhe é inteiramente dedicado; e no mesmo espaço: Auditório Municipal da Madalena. 

Neste contexto, o autor agradeceu o desafio lançado por Eduardo Pereira e vincou o “orgulho sentido” pelo seu livro ser integrado no Programa Comemorativo dos 90 Anos da AFH, o que representa, também, “uma oportunidade de divulgar e projectar esta figura, que foi um exemplo naquela altura e continua a sê-lo para todos nós nos dias de hoje”.



António Carlos Maciel: “(…) as entidades não podem substituir-se à formação que deve vir de casa, a primeira escola onde os pais e os avós têm um papel determinante. Mas devemos estar alinhados nesta tríade: casa/escola/colectividades”

 

Na sua intervenção – transbordante de emoções, recordações e salpicos – o autor fez questão de enaltecer e valorizar o trabalho de todos os elementos da AFH, e, de forma muito especial, daqueles que se encontravam naquele espaço, vindos de diferentes concelhos do Pico. E realçou: “A AFH é importante para os nossos jovens, mas sem Clubes e sem Atletas não chegamos lá, pelo que tem de haver uma parceria, pois o Desporto também é Cultura e Formação. A Cultura não é só as Filarmónicas, o Folclore ou o Teatro. E com as vicissitudes trazidas pela pandemia que vivemos, as pessoas passam muito tempo em frente à televisão e sentadas no sofá, pelo que é preciso inverter essa tendência e praticar Desporto. Até pela nossa Saúde! Ao contrário do que acontece actualmente, em que andamos todos a correr e muito distantes uns dos outros, o António Garcia tinha tempo para tudo”.



O autor agradeceu o desafio lançado pelo Presidente da AFH e o apoio dado por este organismo ao longo de todo o processo de concretização do livro.

Da esquerda para a direita: José Silva, membro da Direcção da AFH no Pico; Cristina Silveira, Directora do Departamento de Comunicação e Marketing da AFH; António Carlos Maciel, autor do livro “Biografia de António Garcia”; e Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da AFH

 

Relativamente à AFH, o orador enfatizou a situação singular que é o facto de a mesma englobar quatro ilhas, “o que implica recursos humanos, planificação e toda uma calendarização que tem de ser cumprida a nível regional com compromissos nacionais e internacionais”. E explicou: “Eu tenho acompanhado de perto este trabalho, que é feito de forma diária e semanal, e sei que quem não está por dentro deste movimento não compreende nem sabe valorizá-lo. Por vezes essa imagem não passa cá para fora, mas o que interessa é que o fruto desse trabalho chegue às nossas crianças e jovens”.

Falando para “o amigo e colega” José António Soares, lembrou os tempos em que, por não haver pavilhão, recorriam ao ginásio do Externato da Madalena. E ao fixar-se em Manuel Eduíno recordou que o mesmo “trabalhou muito nessa altura”. “Mesmo com poucas condições, tínhamos amor e paixão por aquilo em que nos envolvíamos e exemplo disso são as travessias que fazíamos na “Espalamaca” e na “Calheta” para ir jogar ao Faial e no regresso muitas vezes a lancha nem podia atracar na Madalena!”, acentuou.

Olhando para o painel que compunha a Mesa de Honra, António Carlos Maciel sublinhou a importância de quem desempenha cargos com responsabilidade nas escolas, nas autarquias e nas associações/colectividades “serem pessoas com sensibilidade para o Desporto, o Teatro, as Filarmónicas e o Folclore, atendendo a que são pilares fundamentais no desenvolvimento das nossas comunidades”. “Contudo – notou – as entidades não podem substituir-se à formação que deve vir de casa, a primeira escola onde os pais e os avós têm um papel determinante. Mas devemos estar alinhados nesta tríade: casa/escola/colectividades”. E aliada a essa sensibilidade ou na origem da mesma, está todo um trabalho de rectaguarda que foi iniciado pelos antepassados, “que passaram por momentos difíceis para que o presente fosse mais fácil”. Por isso, o autor apelou aos mais novos para que “continuem a dinamizar e sustentar o movimento associativo cultural/desportivo”. E o conselho deixado por este responsável passa por sabermos adaptar-nos. “Actualmente a nossa missão afigura-se mais difícil, pois a sociedade açoriana transformou-se muito com as novas tecnologias. Há mais oferta, pelo que temos de saber adaptar-nos à realidade actual, perseguindo o objectivo de preservar a nossa história e reflectindo sobre a influência que a mesma tem para o crescimento saudável dentro da formação dos nossos jovens. É este o nosso papel”.

 

“O António Garcia deve ser uma inspiração para os nossos desportistas”



O autor agradeceu a todos os que o inspiraram ao longo da sua vida, muitos dos quais se encontravam naquela sala a partilhar este momento festivo

 

António Carlos Maciel enalteceu a colaboração dada pelo filho do biografado na concretização deste desiderato, aplicando, também aqui, aquele ensinamento que nos diz que “sozinhos não vamos longe”. “Ainda que tenhamos as melhores condições de vida ou sejamos muito inteligentes”. E neste sentido, agradeceu às muitas pessoas que ali estavam e que o inspiraram. “Há muitas outras que, infelizmente, já não se encontram entre nós e que foram a base do meu percurso de vida, designadamente os meus pais, que eu gostava muito que estivessem aqui, comigo. Também aprendi imenso com as colectividades por onde passei. E vejo aqui muita gente da minha infância, do tempo de escola, das lides desportivas, culturais, etc,. O meu mestrado de vida foram os caminhos percorridos e partilhados nos Açores, no Continente, na Europa, na América e no Canadá. E como ninguém é perfeito, o que importa ressaltar são as virtudes, os aspectos positivos, os feitos! Nesse sentido, o António Garcia foi um verdadeiro exemplo. Quando comecei a investigar, percebi que não estava perante um atleta qualquer, pois além da vertente desportiva há a destacar a parte humana, da generosidade, do apoio, da ajuda, da colaboração. E da formação! O António Garcia deve ser uma inspiração para os nossos desportistas. Fiz este livro com uma grande paixão. Emocionei-me várias vezes e até hoje nunca encontrei alguém tão completo como o Garcia em todos os aspectos da sua vida. Ele saiu do Pico para o Faial, foi para a Terceira, regressou ao Faial, foi para Guimarães, voltou ao Faial e emigrou para os EUA. Tem um percurso rico, sempre marcado pela família e pela ajuda ao próximo.



António Garcia recebe o livro autografado pelo autor e aguarda, ansiosamente, que o livro seja lançado nos EUA, o que será uma realidade em 2022, tal como acontecerá em Guimarães, ano do centenário do Vitória Sport Clube de Guimarães

 

Quando fiz este trabalho não foi a pensar no livro, mas, sim, com o intuito de homenagear um grande homem da Madalena, que morava ali junto ao cemitério, cujo pai tinha a barbearia onde é hoje o banco Millennium. Lembro-me dessa barbearia quando, ainda pequenino, vinha com meu pai distribuir pão”.  

Nas pesquisas feitas, o autor cruzou-se com o percurso de Manuel Paulo da Silveira, recordista e Campeão do Mundo de Halterofilismo, natural da freguesia de Santo Amaro, onde foi homenageado pelo Clube Nacional de Imprensa Desportiva, organização em que António Carlos Maciel participou.  

“Dentro dos três grandes vultos do passado na ilha do Pico, referência para o professor José de Brum, natural da Terra do Pão, que, para além de desportista, foi um grande professor na Universidade de Coimbra, onde coordenou todas as modalidades. E na altura da crise desta academia foi ele que do seu bolso pagou para que muitas modalidades tivessem continuidade. Ele foi, ainda, jogador da Selecção e Treinador do Benfica e o maior açoriano a chegar ao mais alto nível a um grande clube português como jogador e treinador, com várias internacionalizações. E era do pequeno lugar da Terra do Pão”.

O orador repisou a necessidade de se contar, em livro, a história do Futebol no Pico, alertando que “se ninguém a contar vai passar ao esquecimento”.

 

António Garcia agradeceu o tributo prestado a seu pai

 

António Garcia agradeceu, reconhecido, à Associação de Futebol da Horta por esta iniciativa, ao autor, ao apresentador (no Faial e Pico), ao edil da Madalena e a todos os presentes pela homenagem feita a seu pai, renovando os parabéns à AFH pela passagem do seu 90º Aniversário.

 

“Hoje celebra-se a excelência desportiva e a cidadania activa”



José António Soares: “Foi o nosso tributo a uma figura que soube granjear o reconhecimento e se os amigos não o esqueceram, as instituições também não o podem fazer”

 

A fechar o pano no que concerne às intervenções, o Presidente do Município da Madalena, a quem coube presidir e encerrar a Sessão, referiu que “o Desporto tem o condão de aproximar as pessoas”, felicitando o autor por “este retrato em livro ao mais ilustre filho do Pico na modalidade do Futebol”. E frisou: “Estamos a falar de um atleta robusto que se afirmou na alta roda do Futebol nacional, sempre com o Pico no coração”.

José António Soares evocou a parceria levada a cabo em 2017 pela autarquia a que preside e o Serviço de Desporto do Pico na celebração das conquistas picoenses, designadamente com a homenagem feita a António Garcia Júnior por altura do centenário do seu nascimento. “Foi o nosso tributo a uma figura que soube granjear o reconhecimento e se os amigos não o esqueceram, as instituições também não o podem fazer”, acentuou o edil madalenense, vincando: “Ainda mais porque estamos a falar de alguém que deu tamanho prestígio ao Pico e aos Açores”. “Obrigada ao Maciel pelo contributo dado e à AFH que incentivou e patrocinou na íntegra esta publicação. O movimento associativo é uma grande escola de valores”, enalteceu o autarca da Madalena do Pico, que fechou com chave de ouro: “Hoje celebra-se a excelência desportiva e a cidadania activa”.

 

Esméria Serpa e João Fontes trouxeram “O Jogo de Futebol”



Esméria Serpa e João Fontes deram corpo a um momento de especial significado nesta Sessão, fazendo presente o amigo Norberto Ferreira Cardoso através do tema “O Jogo de Futebol”

 

Esméria Serpa, irmã do autor, tocou e cantou a música intitulada “Jogo de Futebol”, acompanhada ao violão por João Fontes.

“O Jogo de Futebol” é um tema da autoria de Norberto Ferreira Cardoso, hoje com 81 anos, que foi responsável pela construção do Campo de Futebol de São Mateus, inaugurado a 29 de Junho de 1967.

Segundo António Carlos Maciel, “Norberto Ferreira Cardoso foi um dos grandes jogadores da história do Futebol de São Mateus, nas décadas de 60 e 70, como avançado centro, tendo marcado num só jogo quatro golos. Era o Capitão da equipa e foi treinador. Emigrou para o Canadá em 1969, com 30 anos, encontrando-se actualmente radicado em Oakville. Consigo levou a sua freguesia no coração tendo recebido e apoiado, ao longos de vários anos no Canadá, grupos desportivos e culturais da sua freguesia e da ilha do Pico. Sempre foi tido como um grande dinamizador da boa disposição nas mais variadas manifestações culturais e desportivas da localidade que o viu nascer.

Antes de emigrar, foi Furriel do Exército Português em Angola, entre 1962 e 1965, tendo recebido um louvor pela elevada qualidade militar. Longe da sua terra natal, as saudades são tantas e muitas quadras tem feito sobre a história da sua querida freguesia”.

 

 “O JOGO DE FUTEBOL”

 

I

O Jogo de Futebol

Anima a todos consigo

Pois toda a gente delira

Quando um golo é metido

 

Gritam e saltam até

E é deles um a um

A compasso sem dar fé,

Com a mão ou com o pé

Só mais, só mais um.

 

II

O Jogo de Futebol

É o jogo do momento

Para uns são alegrias

Para outros sofrimentos

 

É um jogo de chorar

Jogo das unhas roer

Pois todos querem ganhar

Todos querem ganhar

E ninguém quer perder

 

III

É um jogo traiçoeiro

Às vezes ganha o pior

Depois do jogo acabar

Tentem escolher o melhor

 

Coloquem do lado e do outro

O mais direito e o mais torto

Ficareis com a certeza

Com esta firmeza

Que o melhor é o desporto

 

Coro

Jogo é assim?

Sim deve ser

Eu cá por mim

Não penso em perder

Mas se o desfecho

Me for fatal

Desportivismo

Não me fica mal

 

Letra de: Norberto Ferreira Cardoso

 

Música ao cair do pano



André Azevedo tocou e cantou magnificamente para gáudio de todos os presentes

 

Antes da Sessão de Autógrafos, e dentro do mesmo registo inicial, a “Lira de São Mateus” brindou a assistência com o Hino do Concelho da Madalena. Mesmo a finalizar, fomos embalados por um ‘medley’, magnificamente cantado pelo jovem André Azevedo, e composto pelos seguintes temas açorianos: “Velho Pezinho”, de José Francisco Costa; “Ilha dos Meus Amores”, de Raquel André Machado; e “Ilhas de Bruma”, de Manuel Medeiros Ferreira.

 

António Garcia Júnior: desportista brilhante e cidadão exemplar



Depois de Faial e Pico, o livro será lançado em Guimarães e nos EUA

 

Fotografias de: Luísa Soares

 

António Garcia, natural da Madalena do Pico, nasceu em 11 de dezembro de 1917, sendo filho de António Garcia, de apelido “Musgueira”, e de Maria Penha Garcia.

A casa que lhe serviu de berço, e onde nasceu, situa-se no alto da Areia Funda, na rua João Emerson Ferreira, na Vila da Madalena.

Garcia teve 3 irmãos: Alice Garcia, Maria Garcia e José Rodrigues Garcia, mais conhecido por “Janota”.

Com 9 anos de idade já ajudava o seu pai na barbearia, tornando-se cabeleireiro posteriormente.

(…)”.

A história completa deste desportista brilhante e cidadão exemplar pode ser adquirida no Faial, na Associação de Futebol da Horta (292 208 670), e na ilha do Pico no Serviço de Desporto (292 622 880/ 96 23 11 452).

 


Cristina Silveira