Dezembro de 2018 jamais sairá da memória da Daniela Santos. A jovem promissora pertencente à formação do nosso filiado Prainha Futebol Clube foi convocada pelo selecionador nacional José Paisana para o duplo-confronto com o País de Gales.
Após oito anos no futebol, envergou pela primeira vez a camisola das Quinas pela seleção nacional sub-15 feminina não escondendo a ambição e a vontade redobrada que esta oportunidade lhe trouxe. Duas exibições consistentes, nos dias 20 e 21 de dezembro, e em especial o golo marcado na primeira partida fazem crer num futuro risonho para a jovem picoense.
AFH: Daniela, já te devem ter perguntado isto muitas vezes durante a última semana, mas qual é a sensação de ouvir o hino de Portugal com a camisola das Quinas ao peito?
D: É uma sensação incrível, arrepiante e muito emotiva. Senti grande orgulho em representar o meu país.
AFH: Que balanço fazes destes dois jogos enquanto internacional portuguesa?
D: Jogar na seleção nacional foi uma experiência única. Os dois jogos que fiz pela seleção e o estágio que realizei na Cidade do futebol foram dos melhores momentos da minha vida. Acho que a minha prestação nestas experiências foi positiva pois consegui mostrar algumas das minhas competências futebolísticas. Acho que contribuí de forma positiva para a vitória da equipa, não só pelo golo que marquei, mas também pelo trabalho de equipa que tentei realizar.
AFH: Ansiosa pelas próximas partidas?
D: Claro que espero ansiosamente pelas próximas partidas, em que possa dar tudo por Portugal e fazer aquilo que realmente gosto de fazer: jogar futebol em competição.
Daniela Santos (n.10) no onze inicial frente ao País de Gales (20 de dezembro)
Direitos Reservados | FPF
AFH: Como se sente a tua família com tudo isto?
D: A minha família sente-se sobretudo orgulhosa pela chamada à seleção e pela minha prestação.
AFH: E quanto aos teus colegas do Prainha FC? Sentiste que ficaram orgulhosos com a tua chamada à seleção sub-15 feminina?
D: Senti que os meus colegas ficaram orgulhosos e radiantes com a chamada à seleção, com o reconhecimento do meu trabalho e com a possibilidade de ajudar a elevar o nome do clube com a minha prestação.
AFH: Sentes que algo mudou em ti desde aqueles dois jogos frente ao País de Gales? A Daniela hoje é ainda mais decidida?
D: As duas partidas em que participei, alimentaram o meu sonho, fizeram com que eu acreditasse que nada é impossível desde que haja trabalho e esperança e tornaram-me, sem dúvida mais decidida.
AFH: Ser jogadora de futebol profissional é um objetivo?
D: Um dos objetivos da minha vida é ser jogadora profissional e poder continuar a fazer parte da seleção nacional portuguesa.
AFH: Que mensagem queres deixar às raparigas das ilhas das Flores, Faial Pico e Corvo que não jogam futebol nem futsal mas sentem aquele bichinho que as leva a pensar em ir para dentro de campo?
D: Gostaria de transmitir às outras raparigas que se realmente sentem gosto pela prática do futebol, que comecem a trabalhar, que não se sintam tímidas e envergonhadas por gostarem deste desporto. Lutem por fazer aquilo que realmente lhes dá gosto e prazer fazer.
AFH: Em jeito de despedida, quais as tuas ambições pessoais para o ano de 2019?
D: Espero que em 2019, possa ter a possibilidade de jogar novamente por Portugal e que tenha muito sucesso no desporto e na escola.
Paulo Pereira, o orgulhoso treinador
O treinador de Iniciados do Prainha FC é nos dias que correm um homem orgulhoso da sua pupila. Paulo Pereira, que trabalha com Daniela Santos há três anos, aponta o facto de treinar em futebol misto como uma vantagem na preparação enquanto jogadora.
“Quando encontrei a Daniela em Infantis vi uma miúda acima da média, não teve depois problema nenhum em se integrar nos Iniciados, mesmo sendo misto. Este ano e a época passada deu um salto muito grande, pressiona-se muito a se ser mais e melhor”, aponta Pereira.
Dentro do campo, em treino ou em jogo “a Daniela trabalha e incentiva os colegas a darem mais, mais entrega, mais sacrifício”, acrescenta. Além da capacidade de o surpreender, o treinador aponta ainda a interação “exemplar” com a equipa e os bons resultados escolares como complementos àquilo que é como jogadora.
Ao nível do futebol feminino no universo AF Horta considera ser difícil, “por não haver massa humana” de fazer um escalão apenas feminino, no entanto sente-se esperançado no exemplo que a mais recente internacional portuguesa deu enquanto forma de “abrir uma porta para aparecerem mais miúdas”.
“Já trabalhei com outras miúdas e há um respeito dos colegas (masculinos) para com elas. Às vezes não é tão fácil a nível de logística (como utilização dos balneários), mas não é impeditivo” sublinha.