Vitimado por doença, faleceu no Porto, no passado sábado, dia 02, José Manuel Goulart Medina Baptista, que, enquanto jogador, representou a Associação de Futebol da Horta (AFH).

Este picoense, que contava 57 anos idade – na próxima quinta, dia 07, completava 58 – era natural das Lajes, tendo igualmente raízes na freguesia de São Mateus. O pai, João Medina, nascido na Calheta do Nesquim, já tinha sido um grande desportista, ligado ao Lajense, enquanto que a mãe era de São Mateus. Foi precisamente por causa desta ligação que José Medina e António Maciel (Coordenador do Serviço de Desporto da Ilha do Pico) se cruzaram desde crianças, o que justifica este breve testemunho: “Somos amigos desde a infância e jogámos juntos nos Juniores da Madalena. O pai do José Medina é que transportava a gente para a Madalena. Vinha das Lajes e além do filho também trazia outros jogadores e passava em São Mateus para me levar.

Recordo esse período – a partir da época de 1974-75 – da participação do Futebol Clube da Madalena na AFH, em que nos deslocávamos nas lanchas “Espalamaca” e “Calheta” para o Faial a fim de jogar com o Fayal Sport Club, o Atlético, o Sporting Clube da Horta e o Futebol Clube dos Flamengos. Também nos deslocámos a São Miguel em 1979, tendo defrontado o Micaelense, em que vencemos por 3 a 1. Foi uma das melhores equipas de Juniores da história do Madalena, sendo meu colega de equipa o meu grande amigo Medina, que, posteriormente, viria a ser jogador na 2ª e 3ª Divisão no Clube Desportivo do Santa Clara. Nessa deslocação, a equipa de Seniores jogou contra o Santa Clara, precisamente no ano em que o Clube de Ponta Delgada fez a sua estreia no Campeonato Nacional de Futebol da 3ª Divisão.

Embora a família morasse nas Lajes, ao fim-de-semana ele vinha para São Mateus para casa da avó materna, onde brincávamos. E já nessa altura dávamos as nossas fugidas para jogar à bola no Campo do Bom Jesus de São Mateus. Os pais também possuíam uma adega em São Mateus para onde vinham muitas vezes, o que fez com que tenhamos crescido juntos, consolidando-se uma grande e sincera amizade.

E quando meu pai me mandava trabalhar para as terras ou distribuir pão – porque tínhamos uma padaria – o José ia comigo sempre que possível. Recordo-o como sendo um grande jogador e uma excelente pessoa, demonstrando sempre uma belíssima educação! Falo de um amigo bastante chegado que me deixa muita saudade!”

Posteriormente, José Manuel Goulart Medina Baptista jogou no União Faialense, nos Estados Unidos da América, e no Santa Clara (como ponta de lança), tendo mesmo fixado residência em São Miguel, mas apesar disso “vinha sempre ao Pico às festas da sua devoção: Senhora de Lourdes, nas Lajes, e Bom Jesus, em São Mateus – freguesia onde reside a irmã, Maria Inês – passando também férias na sua terra natal”, sublinha António Maciel.

José Medina também jogou no Boavista de São Mateus (INATEL) e nos Seniores do Lajense, “tendo mesmo havido uma tentativa no sentido dele ir para o Belenenses, clube do pai”.

Fora da sua ilha, além do Grupo Desportivo de Santa Clara, onde ganhou projecção como um exímio avançado e goleador, José Manuel Goulart Medina Baptista representou, ainda, equipas como o Operário, o União Micaelense, o Marítimo e o Vasco da Gama de Vila Franca do Campo, todas em São Miguel.

Marcou mais de 200 golos ao longo da sua carreira como jogador, a qual terminou aos 27 anos, precisamente numa altura em que era defesa central, sinal da sua polivalência em campo.

Também foi Treinador de equipas de formação do União Micaelense, do Santa Clara e de Selecções da Associação de Futebol de Ponta Delgada.

No ano de 2015, por ocasião do 85º Aniversário da Associação de Futebol da Horta, José Manuel Goulart Medina Baptista foi distinguido com o título de Sócio de Mérito da AFH, tendo o Diploma sido entregue pelo Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, (FPF) Fernando Gomes, na Sessão que decorreu no dia 30 de Outubro, na Sociedade “Amor da Pátria”, na cidade da Horta.

Este desportista deixa dois filhos: Beatriz Medina Baptista e João Medina Baptista.

Até à hora de conclusão desta notícia ainda não havia conhecimento da data do funeral, que, ao se sabe, será no Pico após a vinda do corpo da cidade do Porto.

Em memória deste ilustre Picoense, que deixou o seu nome gravado nas páginas do Futebol Açoriano e por terras da emigração, a AFH deliberou que seja feito um minuto de silêncio antes dos jogos a realizar este fim-de-semana, dias 09 e 10 de Janeiro.

 

Retirado do Facebook do Clube Desportivo Lajense:

 

“O CD Lajense vem por este meio expressar as suas mais sentidas condolências à família e amigos de José Manuel Medina. Realçar que este jogador destacou-se como um excelente ponta de lança no início da década de 80, dado que era de elevada estatura, muito forte no jogo aéreo e também portador de um excelente remate, o que fez dele um excelente finalizador.

José Manuel foi campeão Açoriano pelo Clube Desportivo Lajense, no INATEL, sendo peça fundamental no ataque da equipa da vila baleeira que, naquele tempo, tinha uma equipa muito forte e que praticava futebol de grande qualidade.

Posteriormente transferiu-se para o Clube Desportivo Santa Clara, no qual teve a honra de representar o clube micaelense na segunda liga.

Os seus valores ficarão sublinhados e a sua memória preservada na história do Clube Desportivo Lajense que jamais o esquecerá”.




Álvaro Goulart: “Um dos melhores ponta de lança que passou no Pico”.




David Silva: “… Tive o privilégio de o ver condecorado pelo Santa Clara quando aqui vim a São Miguel com a equipa de juniores do Clube Desportivo Lajense…”

 

Carla Leite: “… Grande amigo e grande jogador muito gritei naquele campo por ele… muitas alegrias nos deste…”

 

Emanuel Melo: “… Ficará para sempre na memória a imagem de uma pessoa simples, amigo e de um grande jogador que muitas alegrias deu aos Lajenses!”

 

Anabela Brinca: “Grande homem! Sempre pronto a ajudar! Enorme coração!...”.

 

 

Cristina Silveira