O Futsal encontra-se em alta nas Flores. A comprová-lo estão os dois últimos títulos conquistados pelo Grupo Desportivo “Os Minhocas” de forma consecutiva nos derradeiros fins-de-semana deste mês de Março. Depois da Taça de Campeão da Associação de Futebol da Horta (AFH) de Juniores B (Juvenis) em Futsal Masculinos alcançada nas Flores, de 19 a 21 do corrente, o Clube florentino foi este fim-de-semana (27 e 28) à ilha do Pico, onde arrecadou mais uma Taça: a de Campeão da AFH de Juniores C (Iniciados) em Futsal Masculino.

Durante estes dois dias estiveram em campo os campeões das Flores: Grupo Desportivo “Os Minhocas”; e do Pico: Grupo Desportivo da Ribeirinha.

O Departamento de Comunicação e Marketing da AFH – entidade organizadora da prova – convidou os treinadores de ambas as formações a falarem sobre o desempenho das suas equipas.

Ricardo Silveira, Treinador do Grupo Desportivo “Os Minhocas”, Flores:

“Íamos preparados e com vontade de ganhar”

“A equipa teve um bom desempenho, atingindo os objectivos propostos. Viemos a trabalhar a época toda para isto – os treinos nunca foram interrompidos – pelo que íamos preparados e com vontade de ganhar, sabendo que o nosso adversário tinha o mesmo objectivo, embora não tivéssemos conhecimento do seu jogo. Fizemos o nosso trabalho e aproveito para agradecer a forma como fomos tratados pelo Grupo Desportivo da Ribeirinha do Pico, que não só nos disponibilizou bolas como, também, assistência em termos de massagista.

Lamento que os horários não tenham permitido haver mais tempo para descansar e conviver, se bem que isso aconteceu um pouco no domingo. Não podendo haver convívio com o adversário, atendendo à situação pandémica que se vive, o mesmo foi uma realidade dentro do nosso grupo. Naturalmente que os jogadores se ressentem com as viagens realizadas [de avião e de barco] além de que alguns também integraram a equipa que no passado fim-se-semana disputou o Apuramento de Juniores B (Juvenis) nas Flores. Portanto, estamos a falar de duplos vencedores, no caso de certos atletas. Todos se mostraram bem fisicamente, mas é natural que aqueles que fizeram jornada dupla não estivessem “tão frescos”. No meu escalão existem atletas em número suficiente, pelo que dois ou três não foram convocados para esta prova. Isto é sinal de que o Clube está a trabalhar bem e de que o Futsal está vivo na ilha das Flores. É muito promissor perceber que o Grupo Desportivo “Os Minhocas” tem duas equipas que se sagraram Campeãs (de Juvenis e Iniciados) e, que, por isso, vão disputar dois Regionais.

Mesmo com horários “apertados” foi possível apreciar diferentes panorâmicas na ilha montanha

Desde o ano passado que acompanho estes jogadores, mas já os conhecia anteriormente uma vez que eu era o Treinador dos Juvenis e agora sou dos Iniciados. Aliás, estes dois escalões antes trabalhavam em conjunto.

Noto que há vontade de aprender e de andar para a frente e este Apuramento veio reforçar a motivação e a dedicação que eles já tinham, permitindo a competição com adversários que não conheciam. Como tal, é compreensível que o estímulo seja diferente daquele que há regularmente nas Flores quando jogam Iniciados contra Infantis, o que significa ver sempre as mesmas caras.

Caso a pandemia permita a realização do Regional, estamos apostados em fazer uma boa prestação e dar o nosso melhor, ganhando se for possível. É importante mostrar que mesmo uma ilha pequena como as Flores pode jogar contra grandes como é o caso da Terceira e de São Miguel.

Outra questão crucial é o facto de estarmos a criar atletas, mas, também, homens. E isso passa por ter sempre presente o respeito, acima de tudo para com os adversários, o que acontece nos nossos jogos”.

Nelson Silva, Treinador do Grupo Desportivo da Ribeirinha do Pico

“Os jogadores (…) foram uns leões em campo”


“Estou super-satisfeito! Os jogadores foram uns lutadores. Foram uns leões em campo. O primeiro jogo não nos correu bem [11-3] mas no segundo, mesmo perdendo [3-2] acertámos agulhas e foi um jogo muito bem jogado. Só conhecíamos o Minhocas de nome, mas já tínhamos ouvido dizer que tinha um grupo coeso.

Esta foi a primeira vez que a equipa do Ribeirinha disputou um Apuramento, pelo que o saldo é positivo e os atletas estão muito contentes e orgulhosos de si mesmos. Tínhamos um plantel muito reduzido, o que provocou cansaço.

Temos vindo a treinar regularmente ao longo de toda a temporada. Só intensificámos os treinos [de duas para três vezes por semana] nestas duas últimas semanas. E eles são assíduos. Embora tenha estado ausente durante uma época, conheço estes miúdos desde os Benjamins. Já trabalhámos juntos e posso dizer que são “os meus pupilos”. Naturalmente que se apresentam muito deferentes dessa altura e alguns estão naquela idade em que já são uns homenzinhos, mas tem sido fácil conciliar a rebeldia própria da idade com a dedicação que se exige nos treinos. São miúdos muito bem comportados enquanto atletas e enquanto profissionais. Percebem muito bem quando é que o adversário manifesta falta de respeito e repudiam essa atitude.

É normal que sintam a falta de convívio que existia antes e fez-lhes falta a presença de público nos jogos, achando tudo muito vazio.

Sem dúvida que este Apuramento veio dar uma motivação extra. Senti neles uma forma diferente de encarar o jogo pela importância que este Apuramento tinha. Jogar e encarar o adversário traduziu-se num salto muito positivo. Eles tomaram consciência de que podem fazer mais. Ainda temos a Taça Ilha do Pico e estou ansioso para ver como será no próximo jogo. Só espero que continuem a trabalhar e que para o ano tenham a mesma vontade de crescer”.

Fotografias: cedidas por Ricardo Silveira e José Silva


Cristina Silveira