Começou no Atletismo ainda criança, jogou Futebol, Andebol e Voleibol (de forma federada), dedica-se, afincadamente, à Vela e ao Remo (Botes Baleeiros - Clube Naval da Horta), mas é o Futebol (de 11, 5 e Futsal) que segue na dianteira, com mais de 30 anos de prática. A paixão pelo Desporto tem dominado a vida de Maria de Jesus Azevedo Rosa Fontes, que leccionou Educação Física durante dez anos e aponta a Formação como sendo o garante de crescimento dos mais novos como Atletas e Cidadãos responsáveis. Por tudo isto, facilmente se percebe que esteja ligada à Associação de Futebol da Horta (AFH), numa atitude de espírito de missão, tendo dito sim à chamada de Eduardo Pereira, e à sua “fantástica equipa”, para um segundo mandato, agora na Direcção.

 

Cristina Silveira

 

Determinação, garra e compromisso fazem parte do ADN de Maria de Jesus Fontes, levando-a a entregar-se de corpo e alma aos projectos em que se envolve e, por isso, a almejar nunca menos do que o topo. “Sucesso é trabalho árduo, perseverança, sacrifício, consistência e gosto pelo que se faz”, sublinha a entrevistada.



Pista de Atletismo de São Mateus, ilha Terceira. Maria de Jesus sagrou-se Campeã Regional no Lançamento do Peso, realçando que a ida ao nacional permitiu “conhecer realidades completamente diferentes, representando experiências sempre muito enriquecedoras”

 

O Desporto tem sido uma constante na vida desta picoense, natural de São João, que começou, ainda em criança, na Escola, a vencer barreiras no Atletismo. A seguir veio o Futebol e é quando se muda para o Faial, em 1989, que aparece o Andebol. Durante muitos anos praticou, em simultâneo, estas duas modalidades, que considera “as de eleição”, pelo facto de terem vindo desde a infância. Mas porque estamos a falar de alguém para quem o Desporto é tudo – “além da família”, claro! – mais tarde juntou-se o Voleibol (todos estes desportos foram praticados de forma federada) e há onze anos que o Remo e a Vela integram este conjunto, com participação nas competições de Botes Baleeiros (Clube Naval da Horta) a nível local, regional e internacional. Contudo, o Futebol (Feminino - de 11, de 5 e de 7) tem estado presente desde o início e a verdade é que “a preparação numas modalidades ajuda noutras”.

Instada a recuar até às raízes, Maria de Jesus afirma: “Tudo isto começou pelo Atletismo com um grupo de amigos de infância, a maioria dos quais ainda se mantém ligada ao Desporto, e a verdade é que sempre que nos juntamos recordamos bons momentos. Não tenho dúvidas de que o Desporto é um veículo por excelência para conhecermos novas culturas, fazermos amizades e convivermos uns com os outros”.



2014: Tripulação de Remo do Bote Baleeiro “Senhora da Guia”, da freguesia da Feteira, no regresso de uma prova

 

“(…) gosto de trabalhar com atletas a partir do nove até aos 15 anos, que é a fase em que se vê bastante evolução, o que dá um gozo tremendo!”

 

Como normalmente acontece a quem fez um percurso como jogador – ainda no mês passado participou no Regional de Voleibol – a nossa entrevistada também passou pela fase de Treinadora, neste caso de Andebol e Voleibol, o que presentemente não acontece por opção.

Leccionou Educação Física durante dez anos e actualmente segue a carreira de Secretária numa empresa privada. “Sempre gostei mais de jogar do que treinar e se hoje não me encontro como Treinadora é por não existir disponibilidade para dedicar-me a um projecto envolvendo escalões de Formação, embora goste de trabalhar com atletas a partir dos nove até aos 15 anos, que é a fase em que se vê bastante evolução, o que dá um gozo tremendo!”, explica Maria de Jesus.



Horta: Pavilhão da Escola Secundária Manuel de Arriaga - Selecção Nacional Feminina em jogo de preparação. “As rijas do Futebol Clube dos Flamengos sempre a querer participar e aprender com as melhores”.

De trás para a frente, equipadas de roxo: Ana Salvador, Maria Jesus Fontes, Maria das Dores, Marisa Serpa, Susana, Pamela Amaral, Cristina, Nélia Amaral, Vânia Sousa, Fátima Silveira, Susana Ávila e Carla Nunes

 

“Admiro bastante o Eduardo por ser capaz de conciliar a gestão da AFH com todas as outras actividades (…)”

 

Embora diga que já conhecia a AFH, esta Dirigente reconhece que isso não acontecia “tão bem como agora”. E prossegue: “Tinha conhecimento pelas conversas que mantinha com o professor Faria de Castro e não só, mas a realidade é uma loucura! Não tinha uma noção tão clara do que isto implica. A Associação de Futebol da Horta já não é um barco, mas, sim, um naviozinho. As pessoas não fazem ideia do volume de trabalho que este organismo representa. Não queria estar no lugar do Presidente da Direcção, mas sei que ele gosta do que faz. Admiro bastante o Eduardo por ser capaz de conciliar a gestão da Associação com todas as outras actividades que tem, e que não são poucas! Ele dedica-se a sério à AFH, o que implica grande despêndio de tempo. É a pessoa ideal para este tipo de cargo, pois é desenrascado e interessado. O facto de há décadas estar ligado ao Associativismo confere-lhe experiência, trouxe-lhe muitos contactos e a isso juntamos uma disponibilidade difícil de encontrar. Contrariamente ao que seria de esperar, sinceramente não o vejo cansado. Há muitos anos que estou ligada a Clubes, como Dirigente, mas não tem nada a ver com a AFH. São realidades completamente diferentes”.

Maria de Jesus Fontes integrou direcções no Clube Independente de Atletismo Ilha Azul (CIAIA) e na Associação de Voleibol do Capelo (AVC), encontrando-se a terminar o terceiro mandato na Assembleia de Freguesia da Conceição.



“Tempos do Futebol de 5 (Canto da Doca, Ribeirinha, Cedros, Salão, Capelo e Castelo Branco). Torneio fantástico, disputado no campo da Rádio Naval da Horta entre as equipas dos Bombeiros e do Futebol Clube dos Flamengos”

 

“A reactivação do Futebol Feminino é uma aposta da AFH e de dois ou três Clubes e constitui um desafio para mim (…)”

 

Maria de Jesus Fontes entende que “alguém tem de chegar-se à frente para que as instituições possam funcionar”, pelo que vê a sua colaboração com a Associação de Futebol da Horta dentro do “espírito de missão”. Além disso, estamos a falar de uma área desportiva de que gosta, para a qual se sente particularmente “vocacionada” e, consequentemente, “motivada”.

Quanto à forma como surgiu esta colaboração, refere que tudo começou pelo facto de “há muitos anos conhecer o Eduardo,” recordando: “Já joguei Futebol com e contra a esposa dele, que é funcionária da creche onde as minhas filhas andaram, e também há a ligação pelo facto de eu pertencer à tripulação do bote da “Senhora da Guia”, (Feteira) desde o tempo em que ele foi Presidente da Junta de Freguesia da Feteira”.

O primeiro convite foi feito para integrar a lista concorrente ao mandato de 2014/2016, que declinou pelo facto de nessa altura ser praticante. Os Estatutos da AFH estabelecem como incompatível as posições de jogador e director, em simultâneo. Volvido esse período, o convite foi renovado pelo que Maria de Jesus fez parte do elenco anterior – 2016/2021 – como Segunda Secretária da Assembleia-Geral. E porque o balanço a estes últimos quatro anos de trabalho “é positivo”, aceitou ficar mais quatro, agora na Direcção, dando corpo à equipa responsável pelo Futebol Feminino e contando com o apoio de todos os directores reeleitos, além de que também tem algum traquejo nestas andanças, com trabalho reconhecido.

“Na nossa Associação, o Futebol Feminino morreu com a pandemia. Aliás, já estava moribundo e também acho que não foram feitas as apostas que agora vamos tentar implementar. Quando existiam três ou quatro equipas no Pico e no Faial, alguns Clubes tentaram que a prova fosse realizada no conjunto Faial/Pico visando o desenvolvimento da modalidade, mas da parte da Associação de Futebol da Horta não houve essa abertura. Só passados alguns anos (tarde demais!) ganhámos cá, mas depois no Regional havia um desnível muito grande (equipas com escalões de Formação e com muita mais competição) pelo que agora é a AFH que tem de assumir, de forma preponderante, as rédeas deste programa. É um projecto muito ambicioso o que significa que vamos ter de trabalhar imenso para voltar a pôr a cereja no topo do bolo, caso contrário não chegamos lá.

Há dois anos tínhamos um grupo engraçado e a Daniela Santos, de São Roque do Pico, deu um grande ânimo a todas as outras com a sua ida para o Benfica, mostrando que é possível chegar mais longe. Depois, tínhamos um grupinho que estava preparado para participar no Torneio Nacional, em Lisboa, mas a pandemia inviabilizou tudo isso. A reactivação do Futebol Feminino é uma aposta da AFH e de dois ou três Clubes e constitui um desafio para mim e para a Associação. O meu ideal seria a criação de Escolinhas nas várias Ilhas, por forma a fomentar esta área, e aproveitando a existência de passagens aéreas nos Açores a 60 euros talvez pudéssemos realizar um ou dois encontros anuais entre essas Escolinhas (sei que pode parecer um sonho, mas temos de tentar).

Tendo em conta a redução do número de atletas, não podemos arrancar com Futebol de 11. Teremos de arranjar soluções e uma delas poderá passar pelo Futebol de 7, quem sabe!



Mulheres do Futebol, do Andebol e do Voleibol: Carla Pereira, Maria de Jesus Fontes e Maria das Dores.

Maria de Jesus Fontes: “Nenhuma gosta de perder nem a feijões, mas acaba a competição e ficamos amigas como dantes”

 

“Quando comecei, éramos as maria-rapazes lá da zona e nada nos fazia desistir”

 

Tenho de confessar que admiro imenso as miúdas que conseguem jogar com os rapazes. Não é uma tarefa nada fácil, pois em certas idades eles são muito mauzinhos para elas! Se elas não tiverem pulso não chegam lá. Quando comecei, éramos as maria-rapazes lá da zona e nada nos fazia desistir. Nunca joguei em equipas mistas, mas não dispunhamos nem metade das oportunidades que estas miúdas têm agora. Não havia selecções, pelo que jogávamos umas contra as outras. Mesmo já a residir no Faial, fui ao Pico disputar vários torneios. Ia jogar para a Manhenha, que fica na outra ponta da ilha, e regressava no barco das dez da noite. Gostava disso e continuo a gostar! De vez em quando ainda fazemos umas brincadeiras ao fim-de-semana. O “bichinho não morre”, mas temos de perceber as nossas limitações”.



“Jogos Desportivos Escolares, nos anos em que era visível a aposta nos jovens”

 

“Acho que falta garra aos miúdos” - “Postura dos pais pode ser o problema”

 

“É verdade que nos queixamos de que não temos tempo, mas arranjamos sempre para aquilo que nos interessa. Faz-me confusão – e converso sobre isso com várias pessoas de diferentes modalidades e áreas – a desmotivação a que todos assistimos. Uns dizem que o problema reside no facto de haver muita oferta de modalidades; outros sustentam que há menos miúdos; outros ainda que a Escola ocupa muito mais tempo do que antes e embora tudo isso seja verdade, posso contrapor e afirmar que ainda assim há miúdos que conseguem. Portanto, na minha opinião, este problema da sociedade actual tem muito a ver com o que vai passando de geração em geração. Tenho de concordar que a carga genética dá uma ajudinha nesta equação, ou seja, se os pais são pessoas responsáveis e exigem responsabilidade a resposta pode ser outra, para melhor. Posso falar em termos pessoais. Tenho duas filhas e elas sempre estiveram ligadas ao Desporto desde pequeninas. A mais velha nunca faltou a um treino por causa de estudar ou por desculpas “esfarrapadas”, mas a mais nova, embora tenha sido várias vezes a mais assídua, faltou e por vezes eu ouvia: “Ah, hoje não me apetece”, ao que eu me impunha e dizia: “Comprometeste-te, tens de ir. Se não queres, não te comprometas”. (É uma questão de gerações).

Sei que nalgumas modalidades os Clubes até vão buscar os miúdos e quando a carrinha se dirige a certas casas por vezes são os próprios pais que vêm à porta e comunicam: “O meu filho hoje não vai ao treino”. Mas por que razão não houve o cuidado de avisar previamente? Isto tem muito a ver com a forma como a sociedade encara o compromisso e a responsabilidade. Tem de haver bastante vontade e persistência, além de tempo. Acho que falta garra aos miúdos. Na minha geração e em muitas outras, se queríamos ir para o treino tínhamos de fazer as tarefas que os pais determinavam. Vejo muita técnica, mas pouca vontade, pouco crer. Com esta pandemia, as pessoas começaram a perceber que se não se envolvessem tinham mais tempo para si próprias. E agora voltar atrás… Se tivermos as rotinas pré-definidas conseguimos cumprir, caso contrário sentamo-nos no sofá. Se não tivermos combinado algo com alguém, se não estivermos a pagar uma quota, ir ou não ir é igual. E aqui entra uma questão que sei não ser consensual, mas que há muito defendo: os pais deviam pagar uma taxa mensal aos Clubes, o que além de comprometer os atletas também ajudava as próprias colectividades. Tudo o que é à borla tende a não ser valorizado. O problema é os Clubes não afinarem todos pelo mesmo diapasão e enquanto assim for nada há a fazer. Estamos num meio muito pequeno pelo que temos mesmo de trabalhar em uníssono”.



Futebol: Torneio Regional de Sub-14 - Masculinos. Maria de Jesus nas suas novas funções ao lado de (alguns) colegas Directores

 

“Eu até posso não concordar com a forma como o treinador conduz a equipa, mas não devo criticá-lo à frente dos atletas”

 

“Gosto muito de ver Futebol em geral. Os jogos dos mais pequeninos cativam-me pela sua essência, pela sua pureza. No entanto, deixei de ir, porque adoro ver o jogo, mas incomodam-me os comentários de bancada, dos pais, indignados porque o miúdo deu um toque no outro, ou porque o árbitro não marcou falta naquele momento. E quando acaba o jogo, os miúdos continuam amigos como dantes enquanto os pais levam tudo mais a peito. Há que haver percepção quando se assiste a um jogo de Iniciação à modalidade. Outra questão que me deixa confusa é o facto de os pais falarem mal do treinador na frente dos filhos. Eu até posso não concordar com a forma como o treinador conduz a equipa, mas não devo criticá-lo à frente dos atletas. Isso contribui para lhe retirar autoridade e credibilidade. Como joguei até bastante tarde, assim como algumas colegas de equipa, foram muitas as vezes em que o treinador era mais novo do que nós. Contudo, posso assegurar que havia mais problemas comportamentais com as mais novas do que com as mais velhas, pois tínhamos respeito pelo trabalho do técnico e estávamos no treino com prazer e a desfrutar daqueles momentos por gostarmos de jogar Futebol”.



Algumas das resistentes: Carla Pereira, Nélia Amaral, Maria Jesus Fontes, Ana Oliveira, Maria das Dores, Marisa Serpa (e o Treinador Paulo)

 

“É necessário cada vez mais vez uma inter-ligação entre os Clubes e a Associação”

 

“Considero que o fio condutor de tudo isto é a Formação, um processo trabalhoso, que implica muita disponibilidade”. Por que razão o Futsal não vingou? Precisamente pela falta de Formação! É como no Futebol Feminino. Mas este princípio fundamental tem sido difícil de implementar por várias razões e uma delas está relacionada com o horário escolar. Os miúdos saem de casa, sobretudo os das freguesias rurais, às sete da manhã e só chegam às sete da noite. Esta dilatação da carga lectiva veio complicar e agora os pais, por norma, trabalham os dois e a oferta digital é astronómica. Perante o que é descrito, é óbvio que as Associações não podem apostar nos Seniores – que representam o topo – mas, sim, nos miúdos que têm de formar-se com referências. A Formação deve ser muito estimulada e incentivada pela AFH, mas os Clubes têm de participar. É necessário, cada vez mais, uma inter-ligação entre os Clubes e a Associação. Isso passa pela promoção conjunta de eventos, pois se for só a AFH a assumir o papel de entidade organizadora os Clubes não olham para isso como seu.

Embora entenda que os Clubes não vêem a Associação apenas para pedir dinheiro, sou apologista de que devem expôr mais ideias, apresentar propostas e sugestões para que possam ser ponderadas e discutidas no sentido de percebermos se são viáveis.

O facto de a Associação de Futebol da Horta contar com um Director Técnico jovem e com uma visão actual é uma mais-valia em todo este processo”.



Campeãs Regionais de Voleibol - subida à II Divisão - Zona Açores (com algumas caras também do Futebol): Lénia Fernandes, Maria de Jesus Fontes, Lígia Faria, Sónia Goulart, Carla Pereira, Rosália Rodrigues, Sara Raposo, Susana Ávila, Marta Pinheiro e Sandra Abreu

 

“Se dermos uma volta à ilha, não vemos miúdos na rua a brincar, a jogar à bola ou noutras actividades”

 

“Naturalmente que a dispersão geográfica no que toca à acção da AFH dificulta o trabalho e basta olhar para o exemplo da Madeira, que sempre evoluiu mais do que os Açores. Um dos nossos problemas de base é a falta de matéria-prima. Se dermos uma volta à ilha, não vemos miúdos na rua a brincar, a jogar à bola ou noutras actividades. É urgente retirar as pessoas de casa. A minha geração e mesmo as seguintes marcavam os convívios e iam para a rua. Agora, está tudo agarrado ao digital. A explicação para o abandono desportivo também passa pela Formação, ou melhor, pela falta dela. Os jovens sempre saíram para ir estudar. Portanto, não é algo que se verifique só agora. O que quero com isto dizer é que se houver Formação de base, um jovem quando regressa à Terra mesmo que não volte a jogar pode colaborar com o seu Clube de muitas formas. E se o caminho for o Dirigismo virá dar um grande contributo no sentido de haver renovação, uma vez que encontramos pessoas que estão à frente de instituições há 15, 20 e mais anos. É cansativo para essas pessoas e para quem anda no Clube. E aqui poderia abordar a compensação aos Dirigentes, que é justa, mas complicada. Sabemos que é uma questão política e de prioridades, ou da falta delas, pelo que temos de investir nos jovens. Na Formação, as crianças deveriam ter a oportunidade de experimentar várias modalidades, o que poderia abrir outras portas. Até pode ser a AFH a organizar um evento nesse sentido. Recordo-me que promovíamos encontros com esse objectivo. Os atletas mais credenciados e os treinadores iam às escolas, havia abertura entre as instituições em prol da saúde e do Desporto e nas semanas seguintes aparecia o dobro dos atletas no Pavilhão.

Tive o privilégio de lecionar nos anos em que a Direcção Regional de Educação Física e Desporto (DREFED) apostava forte na Formação e por inerência nas Associações e Clubes. Quem é que não se lembra dos Jogos Desportivos Escolares? (em que participaram homens e mulheres hoje na casa dos trinta e quarenta anos). Eram 20 raparigas e 20 rapazes a competir (modalidades curriculares e actividade cultural) entre escolas da sua ilha e depois na fase regional. Este evento jamais deveria ter acabado!  Assim como não deviam ter sido alterados os moldes de funcionamento. O dinheiro existe e, na minha óptica, jamais pode ser a desculpa invocada quando se fala de Formação. As escolas inter-agiam com os Clubes e descobriam talentos, que depois eram encaminhados para as diferentes modalidades nos Clubes. Ainda tenho esperança de que alguém no poder político pense nisso e volte a apostar, em força, na Formação dos jovens o mais cedo possível!



Uma das equipas de Andebol que triunfou nos Campeonatos Regionais (podem ver-se várias caras também do Futebol)

 

Fotografias cedidas por: Maria de Jesus Fontes

 

A Formação faz parte do Processo de Certificação, uma exigência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que, embora seja encarada pelos Clubes como algo que veio dar mais trabalho, também trouxe benefícios. Todos sabemos que o mesmo implicou alterações em termos de funcionamento, pelo que os Clubes tiveram de adaptar-se, até do ponto de vista informático. Mesmo que o tele-trabalho tenha dado uma ajudinha nesse sentido, percebe-se que há sempre resistências atendendo a que os requisitos obrigam a que todos falem a mesma linguagem. E o Desporto é isso também, principalmente no que concerne aos miúdos, pois mesmo que estejamos num grupo composto por um francês, um português ou um chinês, em que cada um fale apenas a sua língua, todos se entendem a jogar em equipa”.