O sonho antigo e “legítimo” do Clube Desportivo de São João (CDSJ) do Pico – filiado na Associação de Futebol da Horta (AFH) – em possuir sede própria concretizou-se! O acto inaugural aconteceu no dia 24 do passado mês de Agosto e contou com a presença do Presidente da Direcção, Luís Aço; do Presidente da Câmara Municipal das Lajes, Roberto Silva; da Presidente da Junta de Freguesia de São João, Ângela Alvernaz; do Coordenador do Serviço de Desporto do Pico em representação do Director Regional do Desporto, António Carlos Maciel; do Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta, Eduardo Pereira; do pároco, padre João Ponte; além de Atletas, Treinadores, Dirigentes, Sócios e Amigos do Clube Desportivo de São João.


Luís Aço é o Sócio nº 1 do CDSJ, sendo Presidente da Direcção desde a fundação até hoje  

Para o Presidente desta colectividade “foi um dia maravilhoso, com uma bonita inauguração e decoração”, tendo esta última parte estado a cargo de Silvana Aço (filha de Luís Aço e Massagista do Clube).

A nova sede do CDSJ funciona na antiga Escola Primária de São João e foi cedida pela Autarquia das Lajes do Pico a esta agremiação desportiva “enquanto a mesma se mantiver no activo”.

A actual “casa” do Clube Desportivo de São João dispõe de Secretaria, Sala de Estar/Convívio, Sala de Reuniões e Troféus “Paulo Alvernaz” – em homenagem a este ex-Vice-Presidente, falecido há três anos (completos no dia 20 do corrente), que foi quem teve a iniciativa de fundar este Clube; Cozinha, Lavandaria, Rouparia e Casas-de-Banho. Há ainda uma Sala de Estudo destinado aos Atletas para que estes possam fazer os trabalhos de casa, o que já existia no anterior espaço desde há dois anos.


O Presidente da AFH, Eduardo Pereira, assinou o Livro de Honra, na Sala de Reuniões, onde se encontra o quadro com a fotografia dos nove fundadores do CDSJ

 

12 anos de vida com um historial rico

 

O historial do Clube Desportivo de São João do Pico, fundado a 18 de Fevereiro de 2009, preenche as diversas dependências da sede, podendo ver-se o registo dos títulos alcançados, troféus, medalhas, galhardetes, cachecóis, arquivo com recortes de imprensa sobre a vida do CDSJ, álbuns com fotografias de todos os que têm contribuído para este percurso de 12 anos e uma fotografia de grupo que torna presente os nove fundadores do Clube Desportivo de São João do Pico: Luís Aço, Alberto Rosa, António Fontes, Geraldo Silveira, Hélio Alvernaz, José Gonçalves, Paulo Alvernaz, Paulo Bettencourt e Vítor Rosa.

É com visível orgulho que este Dirigente recorda quatro pontos altos do palmarés deste jovem Clube: a Medalha de Mérito Desportivo Municipal, atribuída pela Câmara das Lajes em 2013; o facto de ao fim de cinco ano de existência o CDSJ ter sido declarado Instituição de Utilidade Pública (IUP); a Certificação da Escola de Futsal de 2 Estrelas atribuída pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2020; e a atribuição da Bandeira da Ética Desportiva, em 2020. De realçar que esta foi a primeira vez que tal galardão foi hasteado nos Açores.


João Ponte, pároco de São João; Ângela Alvernaz, Presidente da Junta de Freguesia de São João; Roberto Silva, Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico; Luís Janeiro Aço, Presidente da Direcção do Clube Desportivo de São João, no uso da palavra; Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta; e António Carlos Maciel, Coordenador do Serviço de Desporto do Pico, que se encontrava em representação do Director Regional do Desporto

 

O Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta frisou que “perante as conquistas alcançadas por este Clube filiado na AFH, o mesmo já merecia ter um espaço próprio”, manifestando o seu regozijo pela concretização deste desiderato que “vem ajudar o Clube a prosseguir os seus objectivos”. “O trabalho exemplar, os feitos registados e a gestão rigorosa, fazem com que o Clube Desportivo de São João mereça um carinho especial por parte da AFH”, acentuou Eduardo Pereira.



Eduardo Pereira e Luís Aço trabalham para que o Desporto possa ser cada vez mais uma Escola Formativa, onde impere o respeito, o ‘fairplay” e a responsabilidade

 

“A pandemia impede-nos de organizar eventos e angariar fundos”

 

O Presidente da Direcção do CDSJ revela que, “atendendo à falta de capacidade financeira os trabalhos de remodelação do actual edifício foram sendo realizados aos poucos e com a chamada “prata da casa” no seio dos próprios dirigentes”. E prossegue: “Como tal, os melhoramentos vão continuar a acontecer de forma gradual, atendendo a que há aspectos que necessitam de ser intervencionados, como é o caso das janelas e das portas, mas é preciso fundos para que isso possa ser concretizado”.

Para chegar até aqui no que à nova sede diz respeito, o Clube Desportivo de São João do Pico contou com apoios da Direcção Regional do Desporto (DRD), Câmara Municipal das Lajes, Junta de Freguesia de São João e particulares. Mas porque o objectivo passa por trabalhar no sentido de dotar esta colectividade de “mais e melhores condições”, é intenção do actual elenco directivo candidatar-se a fundos da DRD na vertente do apetrechamento. E neste âmbito o CDSJ já recebeu material audiovisual (camâras fotográficas), computadores, uma impressora e 40% do montante necessário para a aquisição de uma carrinha em segunda mão, faltando agora angariar os restantes 60%. E se não fosse a pandemia “o objectivo não se afigurava difícil”, garante Luís Aço, sublinhando que “a intenção era continuar a organizar eventos que permitissem angariar receitas”. “Mas agora não podemos fazer nada sem autorização, o que condiciona muitíssimo a nossa movimentação. Ficámos sem condições e é com sacrifício que mantemos os escalões que temos”, realça.

 

“Se tivéssemos um Pavilhão, talvez houvesse mais atletas”

           

No entender deste Dirigente, “o grande calcanhar de Aquiles” do Clube Desportivo de São João é a falta de um Pavilhão. E para sustentar esta reivindicação antiga Luís Aço esgrime uma argumentação já bem conhecida: “Recebi hoje os horários dos pavilhões indicando a disponibilidade existente e constato que só pode haver treinos para os miúdos com cinco anos a partir das 18h30 horas, quando deveria ser logo a partir das 15h30, que é a hora em que acabam as aulas, podendo os mesmos ir para casa às 17 horas. E com dois ou três escalões para realizar treinos uns a seguir aos outros, a que horas é que os atletas vão chegar a casa para no dia seguinte se levantarem cedo e irem para a escola? Não há condições! Se tivéssemos o nosso próprio Pavilhão talvez pudéssemos contar com mais jogadores”.

 

“Transporte de crianças: é incomportável investir em amadores com tamanha rotatividade directiva nos Clubes”

 

Luís Aço lamenta que o Clube a que preside seja vítima de certas medidas que no papel parecem muito bem feitas mas na prática estão totalmente desajustadas, senão vejamos: “Dentro das crescentes exigências da FPF – que não percebe que os Clubes pequenos não dispõem de capacidade financeira e humana para suportar tudo isto – temos o Processo de Certificação também direccionado para o transporte de crianças. Contudo, ninguém se lembra que somos todos amadores e que há uma constante rotatividade nas direcções, pelo que é de todo incomportável haver um investimento de 300 euros para certificar um condutor que daqui a um ano já não integra a direcção do Clube. Para agravar ainda mais a situação, também foi estipulado o limite máximo de 65 anos para essa função. Ora, como todos nós sabemos, a maior parte das pessoas com mais disponibilidade para fazer esse tipo de transporte são precisamente os que têm mais de 65 anos, como eu, que são impedidos de dar a sua colaboração nesse aspecto tão premente na vida das nossas colectividades.

No caso do Clube Desportivo de São João conto com uma rede familiar muito grande – eu, a minha esposa (Rute Covas Aço), a minha filha (Silvana Aço) e o meu genro, mas as sucessivas presidências causam um grande desgaste em todos nós, faltando tempo para a vida pessoal e familiar”. E é por isso que Luís Aço afirma que é preciso começar a preparar alguém que assuma as rédeas do CDSJ, pois embora este possa ser um discurso conhecido, a verdade é que no decorrer desta conversa garantiu que esta – haverá eleições até ao fim de 2021 – será a última vez que se (re)candidata à liderança do Clube de que é fundador e Sócio número 1.

 

Fotografias de: Paulo Brinca

 


Cristina Silveira